ser uma garota grande.

o cheiro de sua pele está grudado em mim agora
você está provavelmente no seu vôo de volta para sua cidade natal.
eu preciso de algum abrigo para minha própria proteção, baby
ficar comigo mesma concentrada, lúcida, em paz, serena...
eu espero que você saiba que isso não tem nada a ver com você
isso é pessoal, eu mesma e eu.
nós temos que ajeitar algumas coisas,
e eu sentirei sua falta como uma criança sente falta do seu cobertor
mas eu tenho que seguir em frente com a minha vida
chegou a hora de ser uma garota grande e garotas grandes não choram.
o caminho que eu estou trilhando, eu devo ir sozinha
eu tenho que dar pequenos passos até estar totalmente amadurecida
contos de fada nem sempre têm finais felizes, não é?
e eu abandonarei a escuridão à frente se eu ficar.
(...)
sim, você pode segurar minha mão, se quiser, porque eu quero segurar a sua também
nós seremos parceiros e amantes e compartilharemos nossos mundos secretos
mas chegou a hora de eu ir pra casa... está ficando tarde, está escuro lá fora,
eu preciso ficar sozinha concentrada, lúcida, em paz, serena...


Não entendi o motivo dessa música ter tocado tanto ontem de madrugada na jovem pan. Eu nem lembrava mais que ela existia, e sinceramente, eu prefira que ela tivesse ficado no esquecimento, porque as recordações que elas me trazem não são tão boas. Quando essa música virou sucesso, quando foi tema de Diego Alemão e Siri (BBB7), virou a trilha sonora de muita gente. Mas acho que ela nunca se encaixou tão perfeitamente na vida de uma pessoa como ela se encaixou na minha, durante todo o ano de 2007. Sabe quando acontece de você ligar o rádio, super distraída, e do nada, vem uma música que você não ouvia fazia tempo e começa a passar um filme na sua cabeça? Um filme de um monte de coisa que você fez e hoje se orgulha, mas também de outro monte de coisa que você também fez e hoje se arrepende profundamente? Pois é, foi o que aconteceu essa madrugada comigo. Mas eu não fiquei triste. Mentira, fiquei sim. Chorei feito criança. Mas como eu sou metade cérebro, metade coração, deixei de pensar na música com o coração por um minuto e parei pra analisá-la com o meu cérebro. Parei pra pensar como isso aconteceu realmente comigo, de ter alguma coisa errada com você mesma, de não poder entrar de cabeça numa coisa nova que podia mudar sua vida pra melhor por medo, por insegurança... por não saber o que tá errado contigo mesma, sabe? De querer ficar sozinha, concentrada, em paz, tentando colocar os pensamentos no lugar, tentando acalentar o próprio coração que batia num ritmo descontrolado. De não querer sair machucada, nem machucar ninguém... Por um lado foi ruim, mas hoje, pensando com o cérebro no lugar do coração, eu tiro isso como aprendizado. O problema sempre foi comigo, sempre foi pessoal, eu mesma e eu. Apesar de hoje eu ficar retraíndo aquela vontade incontrolável de segurar aquela mão e dar a minha para ser segurada, eu tenho que concordar que realmente contos de fadas nem sempre tem finais felizes. Está realmente na hora de ser uma garota grande, mais agora do que em 2007, mais agora do que nunca. E quando tocar essa bendita música novamente no rádio... não vou puder fazer nada. Vou relembrar tudo? Vou. Vou ficar triste, arrependida? Com certeza. Mas é para esquecer? Eu dou um jeito. Eu não posso mandar em tudo e não sei o que faço para mudar o gosto musical da humanidade. Como ontem tocou no rádio, no carro, bares, boates, restaurantes, em todos os lugares onde quer que eu vá ela vai continuar tocando. O coração não aguenta, nem o cérebro. É hora de escolher com qual dos dois pensar. Mas eles dão as mãos, desolados. Se solidarizam e entendem o meu esforço. Não é fácil ouvir a música e ter que dançar sozinha. Mas é preciso ser uma garota grande agora... é preciso amadurecer. :)