segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os pedaços não se encaixam mais... mas, deve haver alguma coisa que ainda te emocione.



Engraçada essa mistura do Humberto Gessinger com o James Morrison. Não sei qual foi o motivo de eu fazer isso, porque os dois tem estilos completamente diferentes... mas veio na minha cabeça. E eu resolvi escrever.

Well I can't explain why it's not enough, cause I gave it all to you
(Bem, não consigo explicar por que isso não é sufuciente, porque eu te dei tudo)
And if you leave me now, oh just leave me now
(E se você me deixar agora, apenas me deixe agora)
It's the better thing to do.
(É a melhor coisa a fazer.)
It's time to surrender
(É tempo de se render)
It's been to long pretending
(Foi muito tempo fingindo)
There's no use in trying
(Não há mais utilidade continuar tentando)
When the pieces don't fit here anymore.
(Quando os pedaços não se encaixam mais)




Quando a gente coloca uma coisa na cabeça, passamos tanto tempo pensando, idealizando, torcendo pra que tal coisa dê certo, que quando ela dá pra trás, a gente fica inconformado e tentando entender de diversas maneiras qual foi o motivo de não ter funcionado. Às vezes, entender o porque de os pedaços não se encaixarem mais não é tarefa tão fácil. Muitas vezes também o pensamento de que mesmo com tudo dando errado, você deu o seu melhor, não é a coisa mais confortante do mundo.

Várias pessoas me dizem que eu não deveria ser, mas eu sou sim adepta da filosofia de que se não deu (ou não está dando certo) é melhor deixar pra lá. Posso ser uma grande admiradora de Dom Quixote mas não consigo ser feito ele e lutar por amor às causas perdidas. Não é fácil ter que desistir fácil das coisas, principalmente daquelas pelas quais ansiamos uma vida inteira. Mas é exatamente essa a poesia que eu enxergo na música de James Morrison. Eu dei o meu melhor, não deu certo, então, não adianta continuar tentando. Os pedaços não se encaixam mais. Insistir só vai trazer frustração.

É aqui que entra a inteligência gaúcha de Humberto Gessinger pra salvar os meus pensamentos. Como é possível uma pessoa se identificar tanto com outra que tem mais do que o dobro da sua idade? Eu só tinha sete anos quando essa música foi gravada.

"Deve haver alguma coisa que ainda te emocione
Uma garota, um bom combate, um gol aos 46
Um cavalo em disparada
Pijamas, nada pra fazer
Um vinho tinto, um copo d'água
A chuva no telhado, um pôr-de-sol...
Deve haver alguma coisa que ainda te emocione!"




Os pedaços não se encaixam mais, mas... no meio desses pedaços todos com certeza deve haver alguma coisa que ainda te emocione. Me emocione. Seria o "Jogo do Contente", de Pollyanna? Onde temos que tirar uma coisa boa de todas, todas as situações? Não, acho que não. Acho que é mais ou menos a definição (se é que podemos chamar assim) de coincidência por Humberto Gessinger:

"Existem coincidências ou "coincidência" é o nome que se dá à falta de capacidade de ler sinais? Não sei... intuo que respostas a estas questões a gente não encontra, a gente constrói"

As coincidências emocionam. Os sinais emocionam. As respostas emocionam. Tanto aquelas que aparecem do nada como (principalmente) aquelas que a gente constrói. No meio de tantos pedaços que não se encaixam mais, encontrar alguma coisa que ainda nos emocione é uma tarefa quase que diária. Precisamos construir isso. Precisamos ter os olhos (e o coração) bem abertos para enxergar os cavalos em disparada, os vinhos tintos, os copos d'água, a chuva no telhado, o pôr-de-sol.

Nos sentimos presos, caindo, tentando. E por outro lado nos sentimos livres, voando, conseguindo. O mundo está cheio de coisas que ainda nos emocionam, apesar de vários e vários pedaços que não se encaixam mais. Existe a hora de desistir. Mas também existe a hora de recomeçar.

James Morrison... Humberto Gessinger... vocês me inspiram. Sempre.

terça-feira, 15 de março de 2011

em frente ao mar

A gente em movimento: amor
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar
A gente se sente melhor...


(Nando Reis)


Já fazia algum tempo que eu estava querendo voltar a escrever aqui. Eu sempre digo que vou voltar e nunca volto. Mas agora resolvi de vez continuar. Escrever sempre me fez tão bem, então porque parar com uma coisa que me faz bem? Então, cá estou eu.

Pensei em vários temas que pudessem se encaixar nos assuntos que eu geralmente abordo aqui (música, cinema, seriados, livros) e dessa vez vou inovar. Água. Mar. Todos os dias quando estou indo para o trabalho, cruzo uma ponte sobre o Rio Capibaribe, e voltando, passo pela beira da praia de Boa Viagem, e nunca pensei que a água, o mar, pudesse me chamar tanto a atenção. Foi ai que eu me parei pra pensar na quantidade de músicas que envolvem essas duas coisas e escolhi essa, de Nando Reis, A Letra A.

Porém, não vou falar dela toda... mas de apenas uma frase: "Quando a gente fica em frente ao mar a gente se sente melhor." Isso é a mais pura verdade. Quem diria que logo eu seria uma admiradora fiel do mar. Cresci no sertão, e a coisa mais "parecida", digamos assim, com o mar que tem por lá é a lagoa que tem na casa do meu avô. Lembro que quando pequenininha, eu praticamente morava na casa de Vovô e Vovó, e sempre chamava minhas primas pra ir lá onde ficava a lagoa. Tão verdinha, cheia de plantinhas ao redor, e o sol quente de lá refletia nela, deixando a água brilhando, a a coisa mais linda. Sempre gostei tanto daquele lugar! Agora que fiquei mais velha e vim morar na capital, quando vou de férias para o interior, são raras as vezes que eu me lembro de ir lá... Claro que o tamanho do Rio Capibaribe e do mar da praia de Boa Viagem nem se comparam com o tamainho que é a lagoa da fazenda dos meus avós... Mas ultimamente, olhando pra eles, tenho me lembrado de lá como nunca.

Admito que eu passo longe de ser um exemplo de pessoa calma e serena. Mas como diz na música de Nando Reis (que por sinal é uma das minhas preferidas dele) quando eu fico em frente ao mar eu me sinto melhor. Fui à praia esses dias e só fiz constatar isso. Quando eu pego o ônibus para ir trabalhar, quando eu me sento, a primeira coisa que eu faço é tirar um livro da bolsa e começar a ler, mas sempre que passo pela ponte, paro e fico olhando o rio... juro que nem presto atenção na sujeira, fico só olhando pra água, e vendo os raios do sol refletirem nela, assim como na lagoa da fazenda dos meus avós. A mesma coisa é quando volto pela Avenida Boa Viagem, fico olhando pro mar, com aquele seu azul-esverdeado misturado com o laranja do pôr-do-sol. E me sinto bem. Como se eu pudesse me jogar naquela quantidade toda de água e relaxar, descansar, esquecer que os problemas existem, e ficar só curtindo aquilo. Se eu pudesse, seria sempre assim, pois eu sinto leve quando tenho meus momentos de olhar para o mar, para o rio, para a lagoa da casa dos meus avós.

Se todos pudessem parar para apreciar a beleza da água e como ela se encaixa tão bem na natureza, a vida com certeza não seria tão complicada. Diante da imensidão do mar, o que são nossos problemas? Se a grande maioria da humanidade escutasse Nando Reis e ficasse, pelo menos uma vez na vida, de frente ao mar, com certeza, se sentiriam melhor.


A Letra A (Nando Reis)

A letra A do seu nome abre essa porta e entra
Na mesma casa onde eu moro, na mesa que me alimenta
A telha esquenta e cobre quando de noite ela deita
A gente pensa que escolhe... se a gente não sabe, inventa!
A gente só não inventa a dor, a gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar a gente se sente melhor!
A abelha nasce e morre e a cêra que ela engendra
Acende a luz quando escorre da vela que me orienta
Apenas os automóveis sem penas se movem e ventam
Certeza é o chão de um imóvel... prefiro as pernas que me movimentam!
A gente em movimento: amor!
A gente que enfrenta o mal
Quando a gente fica em frente ao mar a gente se sente melhor!



Sim, eu tive a oportunidade de conhecê-lo. E deveria ter dito a influência das suas músicas na minha vida. Principalmente d'A Letra A. Simplesmente, Nando Reis. Um poeta!

P.S.: E eu vou dedicar esse post ao meu amigo Wolney. Ele foi uma das pessoas que mais me incentivou a voltar a escrever, e nesse tempo que fiquei parada, ficava sempre no meu pé: E o blog? Quando vai escrever denovo? Obrigada, Wolnas. Fico feliz em saber que você gosta de ler o que eu escrevo. Isso me dá força de vontade para continuar escrevendo! Um beijo grande!