quinta-feira, 21 de março de 2013

Emoções em uma montanha-russa a 93 milhões de milhas no seu novo lar


Passar uma temporada longe de casa é viver numa constante montanha-russa de sentimentos. Coisas boas, coisas ruins, coisas mais ou menos, tudo junto, tudo misturado. Quando o carrinho começa a subir, a gente sente falta do calor, da praia, do nosso cantinho; mas se acostuma com o frio, com a neve, com o quarto novo. Sente saudade da comida; mas aprende a gostar do novo tempero. Sente falta da música; mas começa a ouvir novos ritmos. Você tenta, mas o medo do novo é inevitável. Então você segura forte na barra do brinquedo. E começa a viver, literalmente, cada frase que Phillip Phillips canta no primeiro trecho de Home:

"Hold on, to me as we go
(Segure-se em mim enquanto vamos)
As we roll down this unfamiliar road
(Enquanto descemos por este caminho desconhecido)
And although this wave is stringing us along
(E embora esta onda esteja nos amarrando)
Just know you’re not alone
(Apenas saiba que você não está sozinha)
Cause I’m going to make this place your home!"
(Porque eu vou fazer deste lugar o seu lar)

Aí na metade do caminho, se lembra, e principalmente, reconhece, os amigos e os não tão amigos assim. Aqueles que te apoiaram e te deram a maior força desde o começo; aqueles que não falaram uma palavra sequer, positiva ou negativa; aqueles que te acompanham, procuram saber como você está e aqueles que parecem que pra eles, você nem existe mais. Dá saudade, mas se constrói novas amizades, cultiva-se ainda mais as antigas e esquece-se as que não tão verdadeiras.

Do meio pro fim, então, quando o carrinho fica parado lá em cima do brinquedo, vem no coração e na cabeça a família. Os gritos da mãe; as broncas do pai; as reclamações do irmão; o latido do cachorro. Mas você se sente à vontade com a família que lhe acolheu e até deixa a gata de estimação deles dormir na sua cama. Mas, mesmo assim, ainda dói. Você sente um vazio. Você se toca de que a distância não permite que você pegue um ônibus e vá passar o final de semana em casa. Aí você chora. Sim, por que não? Ajuda a aliviar. E você respira fundo. Se acalma e procura viver o que diz a canção mais uma vez:

"Settle down, it'll all be clear!
(Acalmem-se, tudo vai ficar claro)
Don't pay no mind to the demons, t
hey fill you with fear
Não preste atenção aos demônios, eles enchem você de medo)
The trouble it might drag you down,
O problema pode arrastá-lo para baixo)
If you get lost, you can always be found!
(Se você se perder, você sempre pode ser encontrado)
Just know you’re not alone..."
(Apenas saiba que você não está sozinha...)

 

E o carrinho começa a descer. É aí que em seguida, você se lembra que você mesma optou por isso, que isso vai lhe trazer bons frutos, que vai ser um grande diferencial na sua vida. Você percebe que você está desbravando um lugar incrível, cheio de novas oportunidades e desafios que você nunca experimentou antes, daqueles que te dão o mesmo frio na barriga que a montanha-russa te dá. Vê que o tempo vai passando ligeirinho, assim como o carrinho, que quando você menos espera, está quase no final do trajeto.

Quando chega ao final do percurso, você só tem a certeza de que a escolha foi a certa. E o que você deixou pra trás, vai estar te esperando do mesmo jeito: clima, casa, comida, música, amigos verdadeiros, família, tudo isso adicionado à uma série de portas abertas em vários sentidos. Não importa a distância. Assim como Jason Mraz canta em 93 Milion Miles


"... in life you're gonna go far,
(na vida você vai longe)
If you do it right, you'll love where you are!
(Se você fizer direito, você vai adorar onde você está)
Just know, wherever you go, y
ou can always come home!"
(Apenas saiba, onde quer que você vá, você sempre poderá voltar para casa)

Aos poucos, vai se passando um mês atrás do outro, uma carona atrás da outra nesta montanha-russa de emoções que é viver longe de casa. E assim vamos escrevendo cada passo dessa história: com dias bons, dias ruins, sorrindo, chorando, se estressando, se alegrando, enfim, vivendo! Afinal, citando Mraz mais uma vez:

"...sometimes it may seem dark;
(
às vezes pode parecer escuro)
But the absence of the light is a necessary part!
(Mas a ausência de luz é uma parte necessária)
Just know, you're never alone, you can always come back home!"
(Apenas saiba, que você nunca está sozinho, você sempre poderá voltar pra casa)

 

E convenhamos: quem nunca andou numa montanha-russa, que quando a rodada acabou, não quis andar novamente?



domingo, 20 de janeiro de 2013

Central Park: uma caminhada com o coração

De todos os lugares que fui recomendada a vistar quando resolvi embarcar nesta aventura louca que é morar sozinha nos Estados Unidos, o Central Park, em Nova York, sempre foi o que mais chamou minha atenção. Os motivos? Vários. O lugar, que é muito maior do que eu poderia imaginar, foi cenário de muitos dos meus filmes e seriados favoritos mas esta não era a principal razão pela qual eu tinha vontade de ir até lá. Sempre ouvi dizer que o Central Park transmitia paz às pessoas que optavam por visitá-lo e isso me deixava confusa. Como pode ser possível, um parque que fica situado bem no coração da cidade que nunca dorme, passar tranquilidade a alguém? Eu paguei pra ver. Resolvi conferir e tirar as minhas próprias opiniões. 

Apesar do frio de 2°C, o sol estava brilhando como nunca. Devido ao inverno, as árvores que rodeiam o espaço não tinham nenhuma folha e o verde, característico do lugar, foi tomado pelo marrom dos galhos secos. Porém, todos estes fatores não diminuem a beleza do tão famoso parque. Por todos os lados, pessoas caminhando, correndo, andando de patins ou bicicleta. Sozinha, indo ao encontro de uma amiga, aos poucos, fui me misturando, e com o iPod ligado e o fone nos ouvidos, Clocks, da banda britânica Coldplay, era a música que embalava esta experiência, que coincidentemente (ou não) se encaixa perfeitamente com o ritmo da cidade, que é como um relógio, que nunca pára.


Os meus passos seguiam de acordo com o ritmo da bateria que eu conseguia identificar com facilidade ao fundo da canção. As notas do piano estavam sincronizadas com as minhas pernas. As curvas por lá são infinitas e a cada volta que eu dava, confirmava com os meus próprios olhos a ideia de que o Central Park transmite paz. Músicos, artistas de rua, turistas e crianças dão um sabor especial ao local, que com todas aquelas fontes, pontes, esculturas e escadarias, é de fato um refúgio para quem quer relaxar da loucura que são as ruas e avenidas de Nova York. E sim, eu pude sentir a tão falada tranquilidade. Tanto que me trouxe a inspiração necessária para voltar a escrever. A cada raio de sol que eu via refletido nas águas dos lagos, que são os responsáveis por tornar o parque ainda mais bonito, e enquanto eu sentia vento gelado nas minhas bochechas, eu tinha mais certeza de que ali realmente é um lugar especial e cheio de magia... um lugar para ser sentido.

Embalando isso tudo, a voz de Chris Martin, que no refrão da canção dizia "and nothing else compares" (e nada é comparado) ajudava a confirmar o quanto o Central Park é único e o quão magnífica estava sendo aquela minha caminhada ali, sozinha, sentindo toda aquela grandeza. Esta foi a forma que encontrei de comemorar os meus cinco meses de estada nas terras do Tio Sam. Caminhei pelas ruas do Central Park não só com as minhas pernas, mas sim, com o coração. Coração este que cantava junto com a música quando ela dizia "home, home where I wanted to go" (lar, lar onde eu queria ir) e sentia que agora, apesar da saudade que às vezes machuca de verdade, esta é a minha casa agora. Este é o meu sonho e são em pequenas coisas como uma simples caminhada num domingo frio e ao mesmo tempo, ensolarado, que tornam a realização dele cada dia mais importante e enriquecedora para a minha vida.

Confusion that never stops
(Confusão que não acaba)
Closing walls and ticking clocks
(Paredes fechadas e relógios tiquetaqueando)
Gonna come back and take you home
(Eu vou voltar e te levar para casa)
I could not stop... 
(Eu não poderia parar agora...)