domingo, 20 de janeiro de 2013

Central Park: uma caminhada com o coração

De todos os lugares que fui recomendada a vistar quando resolvi embarcar nesta aventura louca que é morar sozinha nos Estados Unidos, o Central Park, em Nova York, sempre foi o que mais chamou minha atenção. Os motivos? Vários. O lugar, que é muito maior do que eu poderia imaginar, foi cenário de muitos dos meus filmes e seriados favoritos mas esta não era a principal razão pela qual eu tinha vontade de ir até lá. Sempre ouvi dizer que o Central Park transmitia paz às pessoas que optavam por visitá-lo e isso me deixava confusa. Como pode ser possível, um parque que fica situado bem no coração da cidade que nunca dorme, passar tranquilidade a alguém? Eu paguei pra ver. Resolvi conferir e tirar as minhas próprias opiniões. 

Apesar do frio de 2°C, o sol estava brilhando como nunca. Devido ao inverno, as árvores que rodeiam o espaço não tinham nenhuma folha e o verde, característico do lugar, foi tomado pelo marrom dos galhos secos. Porém, todos estes fatores não diminuem a beleza do tão famoso parque. Por todos os lados, pessoas caminhando, correndo, andando de patins ou bicicleta. Sozinha, indo ao encontro de uma amiga, aos poucos, fui me misturando, e com o iPod ligado e o fone nos ouvidos, Clocks, da banda britânica Coldplay, era a música que embalava esta experiência, que coincidentemente (ou não) se encaixa perfeitamente com o ritmo da cidade, que é como um relógio, que nunca pára.


Os meus passos seguiam de acordo com o ritmo da bateria que eu conseguia identificar com facilidade ao fundo da canção. As notas do piano estavam sincronizadas com as minhas pernas. As curvas por lá são infinitas e a cada volta que eu dava, confirmava com os meus próprios olhos a ideia de que o Central Park transmite paz. Músicos, artistas de rua, turistas e crianças dão um sabor especial ao local, que com todas aquelas fontes, pontes, esculturas e escadarias, é de fato um refúgio para quem quer relaxar da loucura que são as ruas e avenidas de Nova York. E sim, eu pude sentir a tão falada tranquilidade. Tanto que me trouxe a inspiração necessária para voltar a escrever. A cada raio de sol que eu via refletido nas águas dos lagos, que são os responsáveis por tornar o parque ainda mais bonito, e enquanto eu sentia vento gelado nas minhas bochechas, eu tinha mais certeza de que ali realmente é um lugar especial e cheio de magia... um lugar para ser sentido.

Embalando isso tudo, a voz de Chris Martin, que no refrão da canção dizia "and nothing else compares" (e nada é comparado) ajudava a confirmar o quanto o Central Park é único e o quão magnífica estava sendo aquela minha caminhada ali, sozinha, sentindo toda aquela grandeza. Esta foi a forma que encontrei de comemorar os meus cinco meses de estada nas terras do Tio Sam. Caminhei pelas ruas do Central Park não só com as minhas pernas, mas sim, com o coração. Coração este que cantava junto com a música quando ela dizia "home, home where I wanted to go" (lar, lar onde eu queria ir) e sentia que agora, apesar da saudade que às vezes machuca de verdade, esta é a minha casa agora. Este é o meu sonho e são em pequenas coisas como uma simples caminhada num domingo frio e ao mesmo tempo, ensolarado, que tornam a realização dele cada dia mais importante e enriquecedora para a minha vida.

Confusion that never stops
(Confusão que não acaba)
Closing walls and ticking clocks
(Paredes fechadas e relógios tiquetaqueando)
Gonna come back and take you home
(Eu vou voltar e te levar para casa)
I could not stop... 
(Eu não poderia parar agora...)

Um comentário:

  1. Me emocionei com o seu texto tão reflexivo e ao mesmo tempo também imaginei estar aí neste lugar para caminharmos juntos e sentir esta paz que você tanto falou. Seu sonho é seu, portanto permita-se sonhar e aproveitar cada momento como se fosse o único!

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